Como já disse Winstol Churchill em 1939, “a Rússia é uma charada embrulhada em um mistério dentro de um enigma”.
Ekaterina LobanovaComo já disse Winstol Churchill em 1939, “a Rússia é uma charada embrulhada em um mistério dentro de um enigma”.
Um enigma e um paradoxo. Um dos indicadores disso é que, entre as principais perguntas de estrangeiros no Google sobre o país estão “por que a Rússia é tão pobre” e, ao mesmo tempo “por que os russos são tão ricos”.
O cantor inglês Robbie Williams lançou recentemente um clipe em que zomba do modo como os ricos russos torram dinheiro – e a saúde – curtindo a vida.
Enquanto isso, o jornal “Guardian” divulga que o número de russos vivendo sob a linha da pobreza cresce desde 2014.
Fonte: YouTube/Robbie Williams
A Gazeta Russa investiga, afinal, qual a posição do país na escala de riqueza.
Superpotência cheia de recursos
A primeira coisa que vem à mente quando se pensa sobre a riqueza da Rússia são seus recursos naturais. O país ocupa a primeira posição entre os detentores das maiores reservas de gás, de acordo com a OPEC, e a quinta em petróleo, segundo a British Petroleum.
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Econômico, em 2015 a produção do complexo energético e de combustível russo compôs 63% do total das exportações russas, enquanto gás e petróleo somaram 43% do orçamento.
Além de ser o maior país do mundo, a Rússia é o país que mais tem florestas arbóreas no mundo, e suas reservas de água doce só ficam atrás das do Brasil.
Especialistas apontam, porém, que o fato de a economia russa se apoiar em hidrocarbonetos é perigoso e a deixa dependente dos preços do petróleo. Segundo eles, essa dependência deve ser reduzida.
Saída da recessão
A grande queda dos preços do petróleo entre 2014 e 2016 (de US$ 111 a US$ 32 por barril) e a introdução de sanções foram um duro golpe à economia russa. Em 2015, o PIB russo caiu 2,8%.
Mas, em 2016, o preço do petróleo se estabilizou e as quedas desaceleraram, chegando a 0,6%, de acordo com a agência de estatísticas Rosstat.
Em 2016 ainda, o PIB da Rússia a paridade com o poder de compra foi de US$ 3,75 trilhões e ocupou a sexta posição no ranking mundial. De acordo com as previsões da agência PricewaterCoopers, a Rússia deve ocupar essa mesma posição nos próximos 33 anos – até 2050.
Já o PIB per capita foi de US$ 9.054, de acordo com dados do Banco Mundial de 2015, levando o país ao 66° lugar no ranking global.
A Interfax reportou que alguns especialistas consideram que a Rússia está, aos poucos, saindo da recessão econômica e rumando a uma estagnação. Além disso, os russos não estão empobrecendo: em 2016, seus salários reais caíram 5,9%, em relação ao ano anterior.
Em 2016, o salário médio dos russos foi de quase 36.000 rublos, ou seja, cerca de R$ 1926 na cotação de fevereiro de 2017.
O valor é baixo, se comparado aos salários médios na Europa Ocidental, mas superior ao dos países da antiga União Soviética.
Desigualdade social
É difícil dizer se os russos são ou não ricos, já que boa parte da riqueza se concentra nas mãos de uma parte ínfima da população.
De acordo com o relatório anual de riquezas globais da Credit Suisse, 74,5% da riqueza nacional russa se concentra nas mãos de apenas 1% da população do país.
Além disso, 77 milionários (em dólares) russos constam da lista da Forbes de 2016. Seu número, porém, tem caído: ainda em 2015, eles eram 88 dos listados pela revista.
“A desigualdade caiu nos últimos anos, de acordo com a Rosstat, mas continua muito alta em relação a outros países”, diz a chefe de pesquisas do Instituto de Análises Sociais da Academia de Ciências da Rússia, Elena Gríchina.
Valores relativos
As estatísticas da Rosstat mostram que 20,3 milhões de russos (13,9% da população) são considerados pobres, ou seja, têm uma renda mensal inferior a 9.889 rublos (cerca de R$ 530, na cotação de fevereiro de 2017).
Apesar disso, o nível de pobreza do país não deve crescer, segundo previsão do economista da Forbes Tim Worstall.
Ao analisar um artigo da International Business Times em que se afirma que os russos gastam 50% de sua renda em comida, o especialista escreve que “se os russos gastam isso, então a Rússia deve ser tão pobre como Bangladesh: isso simplesmente não é verdade, nem lá, nem nos arredores”.
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