Diego Rivera en la Plaza Roja de Moscú, en 1955.
APDurante os meses em que passou na capital soviética, entre setembro de 1927 e maio de 1928, Diego Rivera participou de debates e palestras sobre temas artísticos, fortaleceu os laços com comunistas russos e fez dezenas de painéis. O que mais o impactou nesse período foi, entretanto, as celebrações na Praça Vermelha – tanto é que Rivera fez uma série de desenhos com aquarela e lápis dedicados aos desfiles de 1º de maio. Mais tarde, essas obras foram adquiridas pela socialite americana Abby Rockfeller e atualmente estão expostas no Museu de Arte Moderna de Nova York.
Detalhe do afresco “O homem no controle do universo”, de Diego Rivera, com Leon Trótski, Friedrich Engels e Karl Marx (Foto: Éclusette (CC BY 3.0)
A verdade é que Rivera fez esses desenhos pensando em criar uma obra ainda mais imponente: ele planejava fazer um afresco representando as cenas da vida soviética. Finalmente, em 1933, sob encomenda da família Rockefeller, o mexicano começou a pintar o mural “O homem no controle do universo” para o Rockefeller Center, em Nova York. No entanto, o trabalho não foi concluído devido às discrepâncias políticas e artísticas que surgiram entre Rivera e os Rockfeller. Quando o artista se recusou a remover a figura de Lênin, a família milionária mandou destruir o afresco. No entanto, em 1934, Rivera reproduziu o mural no Palácio de Belas Artes no México.
Detalhe de Lênin em “O Homem na Encruzilhada” (1934), que está em exposição permanente no Palácio das Belas Artes mexicano (Foto: Jaontiveros (CC BY-SA 4.0)
Sem dizer adeus
Parecia que Rivera estava se sentindo muito confortável em Moscou, onde vivia cercado por comunistas e artistas com quem compartilhava e debatia suas ideias. As coisas estavam indo tão bem que, em novembro de 1927, o muralista assinou um contrato com Lunatcharski, comissário para Educação e Cultura da URSS, para criar um afresco no Palácio do Exército Vermelho. Mas não foi uma missão fácil.
Além de os assistentes que ajudaram Rivera serem amadores, o mexicano começou a discordar dos comunistas. O mexicano propôs modificar o salão principal do palácio, removendo todas as decorações imperiais, que classificava como “lixo”. Os líderes soviéticos se opuseram às mudanças, pois queriam um trabalho no estilo imperial.
Em seguida, veio uma nova incumbência: fazer um retrato de Stálin (na época, pintores de renome se sentiam obrigados a retratar o secretário-geral do Partido Comunista para alavancar a carreira). Mas o pedido não foi bem recebido por Rivera.
Foi então que o inverno chegou – difícil e extremamente frio. O artista ficou doente e teve que ser hospitalizado no Kremlin. Quando saiu do hospital, percebeu que as coisas tinham começado a mudar rapidamente em sua ausência. Seu nome, que antes despertava admiração e respeito nos soviéticos, era agora recebido aos gritos de protesto e indignação. Iniciou-se então uma campanha de difamação contra Rivera.
Ideologicamente, o mexicano não se encaixava em nenhum grupo artístico – ele se posicionava entre os pintores elitistas da vanguarda russa e o socialismo real. Nesse momento difícil, conheceu o grupo “Oktiabr”, mas ficou novamente desapontado ao se dar conta de que não compartilhava uma parte significativa de suas ideias.
Rivera ainda tentou seguir adiante com o afresco do Palácio do Exército, mas seus pedidos de material para o projeto permaneciam sem resposta. Com o tempo, não aguentou a situação e resolveu deixar Moscou, em 1928, sem se despedir de ninguém.
Diego Rivera na Praça Vermelha, em 1955 (Foto: AP)
A história, porém, não termina por aí. Vinte e tantos anos depois, entre 1955 e 1956, Rivera retornou à capital russa. Fez uma série de desenhos dedicados à URSS, embora os trabalhos não tenham sido concluídos. Um ano depois, Rivera morreu no México.
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