Historiador contou 23 amantes da imperatriz. Último tinha 22 anos e ela, 60, quando começaram a relação.
Press photoA imperatriz "Catarina, a Grande" nasceu Sofia Augusta Federica Anhalt-Zerbst, em 1729, em Estetino, que hoje faz parte do território polonês, mas então pertencia à Prússia.
Proveniente de uma família da baixa nobreza alemã, foi batizada como Catarina, seguindo a fé ortodoxa, e foi prometida ao futuro imperador, Pedro 3º.
Seu marido, porém, governou por pouco tempo, a partir de 1761, devido à política prussiana que praticava e não foi muito popular entre as elites da nobreza, diferentemente de sua modesta e encantadora esposa.
Em 1762, a guarda jurou fidelidade a Catarina, e Pedro foi preso e assassinado em seguida, a mando da mulher - ou, pelo menos, com sua permissão. Alegando o "evidente e sincero desejo de todos os leais súditos", Catarina tomou o trono real.
"Ela sonhou a vida inteira em ter o poder, e quando conseguiu, tentou mantê-lo a todo custo", escreveu o historiador Aleksandr Orlov sobre a imperatriz.
Uma vez no trono, a jovem imperatriz não tardou em atribuir a si própria o poder total: reformou o Senado, limando dele o poder de legislar, e expropriou as terras da Igreja e de seus camponeses, tomando desses o poder econômico.
Mas Catarina II não queria passar pela história como uma déspota. Como os reis europeus do século 18, ela era partidária do conceito de despotismo ilustrado, em que um monarca governa individualmente, mas em nome de seu povo e para o bem do mesmo.
Século de ouro para os nobres, mas não para os camponeses
Um dos maiores projetos de Catarina foi a convocação, em 1767, da Comissão Legislativa (órgãos coletivos e temporários na Rússia do século 18). Seu objetivo era criar uma nova lei global que respeitasse todos os interesses das diferentes camadas da sociedade.
Então, chegou-se a discutir até mesmo a abolição da servidão. Mas, no final, a comissão teve que recuar. Como ressalta Orlov, isso aconteceu por medo de que os boiardos, membros da aristrocacia russa, ficassem insatisfeitos e se rebelassem contra a imperatriz.
A época em que Catarina governou foi caracterizada como "o século de ouro da nobreza russa". Os nobres ficaram isentos de servir ao exército e de pagar impostos, e também tinham direito de abrir suas próprias fábricas e comercializar seus produtos.
Como a classe social mais privilegiada do império, eles tinham uma educação ímpar, compunham a elite militar e política do país, e passavam seu tempo livre em luxuosos bailes que ocorriam em vastas propriedades.
Nos tempos de Catarina 2ª, os camponeses, que compunham a maior parte da população, perderam as liberdades que lhes restavam: os proprietários de terras podiam então enviá-los para realizar trabalhos forçados e os proibiram de fazer queixas contra eles.
A falta de direitos dos camponeses chegou ao ápice em 1770, quando ocorreram revoluções por toda a Rússia. A maior dessas foi o levante de Emelian Pugatchov (1773-1775).
Apesar disso, todas as rebeliões foram suprimidas.
Êxitos militares
Catarina ganhou guerras não só dentro do país, mas também fora. Seu objetivo era aumentar a influência russa na Europa.
Ela foi a primeira russa a anexar a Crimeia ao país, tomando a península do poder turco.
Depois da divisão da Polônia entre Rússia, Áustria e Prússia, a Rússia anexou os territórios da atual Ucrânia, Bielorrússia, Lituânia e Letônia.
Catarina, a Grande teve também grande influência artística, e criou a coleção do Hermitage, mas famoso museu russo na atualidade.
Alamy/Legion MediaDois chefes militares de Catarina tiveram papéis fundamentais nas vitórias da imperatriz: Aleksandr Suvorov, um dos maiores generais da história russa, e Grigóri Potiômkin, que reformou o exército seguindo os moldes europeus.
Florescimento da ciência e das artes
Foi justamente no reinado de Catarina que surgiu a coleção de pinturas, gráficos e esculturas do museu Hermitage, um dos maiores do mundo atualmente.
Nessa época, também foram convidados os arquitetos europeus de maior renome para criar os famosos palácios e igrejas de São Petersburgo.
Além disso, nessa época se criou um sistema de escolas e se abriu o primeiro instituto da Rússia para mulheres, o Smólni.
A própria impératriz também era dada às artes: publicava seus próprios escritos no jornal diário satírico "Vsiákaia vsiáchina", escrevia comédias moralizantes e mantinha correspondência com os filósofos ilustrados franceses Voltaire e Diderot.
"Foi justamente ele, ou melhor, sua obra, que formaram minha razão e minhas convicções", escrevia Catarina sobre Voltaire.
O filósofo, por sua vez, tinha profunda estima por Catarina e fazia as vezes de relações públicas da imperatriz na Europa.
Legião de amantes
Apesar das lendas sobre a incrível perversão da imperatriz (como as de suas centenas de amantes e suas relações sexuais com animais), é certo que a imperatriz trocava de amantes com bastante assiduidade, especialmente após a morte do marido. Esses, de acordo com o historiador Piotr Bartenev, teriam sido 23.
Os amantes de Catarina gozavam de grande influência na corte, ganhavam presentes caros, palácios e terras, e faziam uma carreira brilhante.
Seu último amante tinha 22 anos quando começou suas relações com Catarina - então, com 60. O caso terminou com a morte da imperatriz, em 1796.
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