Quem é Anna Kíkina, a única mulher no corpo de cosmonautas russo que acabou de viajar para a EEI?

SpaceX/NASA
Ex-apresentadora de rádio, ela começou a se preparar para o voo espacial há 10 anos. Hoje, ela partiu para o espaço no Crew Dragon, de Elon Musk.

Nesta quarta-feira (5), a cosmonauta russa Anna Kíkina partiu para a Estação Espacial Internacional (EEI, na sigla em português) como parte da tripulação do Crew Dragon, de Elon Musk, junto com outros três astronautas: Nicole Mann, Josh Kassada e Koichi Wakata.

Kíkina é a primeira cosmonauta profissional russa a ir para o espaço nos últimos 8 anos e a única mulher no corpo de cosmonautas russo.

Em julho deste ano, a Roscosmos e a Nasa assinaram um acordo sobre voos cruzados, segundo o qual três cosmonautas russos voarão na espaçonave Crew Dragon e três astronautas americanos, na Soyuz.

Há dez anos, Kikina não tinha nenhuma relação com a indústria espacial. A ideia de voar para o espaço leh veio quando a Roscosmos, corporação espacial russa, decidiu, em 2012, realizar um experimento e, pela primeira vez na história, selecionar cosmonautas entre cidadãos russos comuns.

Antes disso, apenas pilotos militares e funcionários da indústria espacial tinham a chance de se tornar cosmonautas. Naquela época, Kikina, sob o pseudônimo “Anna Raduga”, trabalhava como apresentadora e diretora de programação da rádio "Sibéria-Altai".

“No começo, tudo parecia uma brincadeira, mas, quando visitei o centro de treinamento de cosmonautas, percebi que realmente existia a possibilidade de viajar para o espaço. Naquele momento percebi que queria ser cosmonauta”, disse Anna em entrevista ao canal de televisão Piérvi.

Entre os requisitos para os candidatos estavam formação técnica superior, pelo menos três anos de experiência profissional, boa saúde e aptidão física.

Anna Kíkina nasceu em Novossibirsk e estudou em uma escola de socorristas especializada. Após a graduação, ela estudou no Ministério de Situações de Emergência e, em 2005, recebeu o certificado de salva-vidas e instrutora de primeiros socorros.

Um ano depois, Kíkina se formou em engenharia hidráulica na Academia Estatal de Transporte Aquático de Novossibirsk e, em 2008, em economia.

Ela tinha experiência ainda como guia turística na região de Altai, instrutora de natação e instrutora de treinamento de pára-quedas.

A radialista tinha 27 anos quando decidiu se candidatar ao concurso de cosmonautas e teve que juntar todos os documentos necessários rapidamente. “Estava determinada a passar na seleção, mas só o meu marido sabia que eu queria ser cosmonauta", contou Anna.

“Meu nível físico foi suficiente para passar na competição com alta pontuação -  embora tudo tenha sido avaliado de acordo com os padrões masculinos. A única exceção é que, em vez de flexão de braços na barra fixa, as mulheres podiam fazer flexões de braços no solo.”

As mulheres representavam um quarto do total de inscritos, e muitas delas saíram da competição ainda na fase de seleção médica. “As exigências são muito sérias, nossa saúde é examinada minuciosamente”, diz Kíkina. Como resultado, dos 304 candidatos (entre eles, 43 mulheres), apenas oito foram escolhidos, e Kíkina era a única mulher.

Anna Kíkina se tornou a sexta mulher na história da cosmonáutica russo-soviética a viajar ao espaço. Antes dela, Valentina Tereshkova fez seu voo espacial em 1963; Svetlana Savitskaya, em 1982; Elena Kondakova, duas vezes, na década de 1990; Elena Serova, em 2014; e a atriz Iúlia Peresild, em 2021.

Anna Kíkina passará seis meses na Estação Espacial Internacional. Suas responsabilidades incluem a manutenção da estação, reparos e experimentos científicos.

Os cosmonautas podem levar até 1 kg de pertences pessoais para a EEI. “Vou levar um bom humor e vivacidade para esse trabalho legal... Mas, falando de objetos físicos, levarei fotos de entes queridos”, disse Kikina.

Na primavera de 2021, a Mattel lançou uma boneca Barbie-astronauta feita à imagem de Kikina.

“Quando criança, eu não tinha o sonho de ser cosmonauta. Não necessariamente que toda garota, brincando com uma Barbie como essa, também a quisesse. O mais importante é que todas saibam que têm escolha, têm o direito de escolher qualquer profissão que gostem”, diz Kíkina.

Segundo ela, o voo espacial é um tipo de atividade muito específico, que não pode atrair um grande número de mulheres. “Se uma mulher entender que essa é a profissão à qual ela quer dedicar sua vida, ela participará da seleção, se preparará e trabalhará”, diz.

Em 2017, a Roscosmos repetiu a campanha para atrair russos comuns para serem cosmonautas. Mas, desta vez, nenhuma mulher passou na seleção.

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