Cientistas descobrem cinco espécies de abelhas na ilha russa de Kolgúiev, no Ártico

Domínio público
Zangões são capazes de migrar por distâncias longas.

Especialistas do Centro Federal de Estudos do Ártico (ramo dos Urais da Academia Russa de Ciências) encontraram cinco espécies de abelhas na Ilha Kolgúiev, no Mar de Barents. 

Estudos genéticos de insetos nesta ilha do Ártico foram realizados pela primeira vez, segundo relatou o especialista do Centro e chefe do grupo de pesquisa, Grigóri Potapov.

“Não havia estudos desse tipo antes, apenas coletas separadas”, disse Potapov. “Fizemos um inventário desse grupo de insetos polinizadores em Kolgúiev. Pela primeira vez, foram realizados estudos genéticos desses insetos de Kolgúiev. Durante as pesquisas, encontramos cinco novas espécies de abelhas: três numerosas e duas pequenas”.

Os Bombus lapponicus, B. pyrrhopygus e B. balteatus são espécies comuns, e as espécies raras são Bombus flavidus e B. jonellus. Todas elas se estabeleceram na ilha a partir do continente. “Do ponto de vista geológico, esta ilha é jovem, foi formada há alguns milhares de anos, então, toda a fauna de insetos nela é migrante do continente”, acrescentou.

Os zangões são capazes de migrar grandes distâncias. O Estreito de Pomor, que separa Kolgúiev do continente, tem cerca de 70 km de largura. Os insetos podem voar distâncias longas, e algumas espécies teriam chegado a Kolgúiev há relativamente pouco tempo.

Condições de vida difíceis

Kolgúiev apresenta condições climáticas difíceis para as abelhas. A ilha fica na zona de tundra e a paisagem é bastante plana, de modo que os ventos na ilha sopram constantemente. “Além disso, com as mudanças climáticas, várias espécies se mudaram para o norte. É muito possível que ocorram mudanças futuras na fauna: se ficar mais quente, essa mudança afetará algumas espécies do Ártico, podendo até causar sua extinção na ilha. No entanto, até agora, as populações de zangões estão em condições estáveis”, explicou.

O clima severo local não é o único problema para os zangões. “Em Kolgúiev não há lemingues ou ratazanas”, continuou o especialista. “Os zangões costumam usar as tocas de roedores, incluindo lemingues, para estabelecer locais de nidificação e encontrar um local adequado para o ninho. Sem essas tocas, há poucos lugares adequados. Isso explica por que seus números são menores do que poderiam ter sido se houvesse roedores e suas tocas na ilha. Nesse caso, as abelhas poderiam encontrar mais lugares para se estabelecer.”

Na ilha de Kolgúiev, os zangões geralmente nidificam nos vales dos rios, se houver penhascos neles, e nos montes. Os cientistas encontraram, por exemplo, um ninho da abelha da Lapônia bem no topo de uma colina.

Os zangões são um dos poucos insetos que polinizam as plantas com flores no Ártico. Portanto, as condições das populações de abelhas são de extrema importância para as colheitas de amoras e mirtilos, entre outras bagas, nos ecossistemas de tundra. As espécies de abelhas do Ártico reagem a mudanças climáticas e meteorológicas. Por exemplo, as geadas de verão, que podem matar insetos, afetam a produtividade de plantas silvestres.

Os cientistas do Centro Federal de Estudos do Ártico também planejam estudar a população de moscas volantes (insetos pretos e amarelos se assemelham a abelhas ou vespas) na ilha.

LEIA TAMBÉM: Toupeira russa, um dos animais mais raros e estranhos do mundo (FOTOS)

Para ficar por dentro das últimas publicações, inscreva-se em nosso canal no Telegram

Autorizamos a reprodução de todos os nossos textos sob a condição de que se publique juntamente o link ativo para o original do Russia Beyond.

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies