Yandex, o gigante russo da internet, apresenta IA que decifra manuscritos de um século atrás

Domínio público; Yandex
Plataforma facilitará o trabalho de quem deseja se aprofundar nos arquivos imperiais russos, mas carece de conhecimento para entender a escrita antes das reformas bolcheviques.

Em 1918, o jovem governo bolchevique empreendeu uma grande reforma linguística, visando a reduzir o analfabetismo e simplificar a língua russa. Isso incluiu uma mudança no alfabeto, com a substituição de algumas letras por outras, além do desaparecimento de algumas. Com isso, os manuscritos pré-revolução podem ser agora difíceis de entender.

Ciente dessa questão, o Yandex, o gigante russo da internet, desenvolveu uma inteligência artificial (IA), disponível neste link, que pode decifrar manuscritos da época imperial. Após treiná-la com um número considerável de manuscritos dos séculos 18 e 19, bem como com milhões de exemplos gerados artificialmente, os especialistas puderam, por meio do reconhecimento óptico de símbolos, torná-la capaz de identificar especificidades da caligrafia e letras obsoletos, como também compreender a estrutura dos documentos de arquivo.

No processo de aprendizado da IA, os desenvolvedores usaram os Arquivos Centrais de Moscou, porém o banco de dados já inclui os das regiões de Oremburgo e Novgorod e será ampliado com o passar do tempo.

Os usuários já podem consultar e decifrar quase 2,5 milhões de documentos desde meados do século 18 até ao início do século 20. Explorando a base de dados com o uso de filtros – por exemplo, por ano ou arquivo, mas também procurando por um nome ou um local específico –, os usuários poderão encontrar vestígios dos seus antepassados. Assim, espera-se que a ferramenta contribua tanto para o trabalho de historiadores, sociólogos e demógrafos, como também para indivíduos que queiram reconstruir sua árvore genealógica.

“Decidi fazer um teste, e a certidão de nascimento do meu avô foi localizada em cerca de 20 segundos. Meu irmão e eu havíamos procurado por este documento por conta própria na primavera passada, antes deste serviço estar disponível, e a busca levou dias: tivemos que ler a quatro mãos os livros eclesiásticos digitalizados de Moscou correspondentes ao ano de 1915. Mas a inteligência artificial não nos ajudou a resolver o principal problema: decifrar o nome da cidade polonesa de onde veio nossa bisavó; não tivemos sorte: o registro escrito estava muito desleixado”, diz um moscovita que decidiu experimentar o novo serviço.

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