1. ‘Um dia na vida de Ivan Denissovitch’, de Aleksandr Soljenítsin
Still from 'One Day in the Life of Ivan Denisovich' movie, 1970
Legion MediaFalar sobre Gulag não faz sentido nenhum sem Soljenítsin, que é considerado o primeiro a tocar no assunto. A arriscada publicação de seu romance “Um dia na vida de Ivan Deníssovich” no jornal “Nôvi Mir” (em português, “Novo Mundo”), em 1962, foi explosiva na sociedade soviética. Até então, o assunto dos campos de trabalhos forçados de Stálin não era levantado – apesar de dizer respeito a quase todas as famílias.
Em “Um dia na vida de Ivan Deníssovitch”, o protagonista, um camponês, relembra como foi lutar contra os alemães, ser capturado, escapar e ser imediatamente enviado aos campos de trabalhos forçados. Era assim que o regime stalinista tratava todos os que fossem parar em cativeiro alemão, ou seja, como espiões ou desertores. O livro também traz descrições vívidas das dificuldades do cotidiano nos campos de trabalho de trabalhos forçados.
Quem quiser estudar o assunto dos campos mais profundamente deve ler “O arquipélago de Gulag”, também de de Soljenítsin.
2. ‘Contos de Kolimá’, de Varlám Chalámov
Kolyma Gulag camp
Emil GataullinChalámov previu o surgimento de um grande número de memórias e obras de não ficção sobre esse período terrível da história soviética. Ele acreditava que a autenticidade seria a principal força da literatura do futuro.
De maneira direta e sucinta, como um documentarista, Chalámov descreve o árduo trabalho dos prisioneiros, a comida horrível e escassa, os espancamentos e o frio terrível de Kolimá.
Por trás dessas descrições, o escritor pensa sobre os seres humanos e o valor da vida. Seu estilo sombrio de escrita penetra profundamente na consciência dos leitores e este documento sobre o Gulag afeta mais a alma que qualquer obra de ficção.
"O trabalho árduo infligiu-nos feridas irreparáveis e nossa velhice será uma vida de dor, infinitas e variadas dores físicas e mentais", escreve.
3. ‘Quanto vale o homem?’, de Eufrosinia Kersnovskaia
Solovki camp
solovki.caAs mulheres escritoras que passaram pelos campos são um pouco menos conhecidas. Uma delas é Eufrosinia Kersnovskaia, que acrescentou a suas memórias desenhos - simples, como os infantis, mas, por esse motivo, ainda mais aterrorizantes.
Kersnovskaia tinha uma força incrível, tanto física quanto mental, e pediu para realizar trabalhos masculinos, chegando a trabalhar até mesmo em uma mina. Sua história é incrível: ela conseguiu escapar e sobreviveu na taiga com um pedaço congelado de carne de cavalo.
Ela descreve, sem filtros, as coisas mais terríveis que aconteciam no Gulag, a posição terrível ocupada pelas mulheres presas e o que muitas delas faziam para sobreviver.
Na atualidade, há exposições dos desenhos de Kersnovskaia dos campos em todo o mundo.
4. ‘Morada’, Zakhar Prilepin
Cela de prisão em uma igreja.
Alexander Liskin/SputnikOs escritores contemporâneos também se debruçam sobre o tema do Gulag. Um deles é Zakhar Prilepin, que enviou seu herói para um acampamento nas Ilhas Solovetski - o próprio arquipélago Gulag.
Este grande romance é baseado em um estudo completo de materiais de arquivo. O autor fez inúmeras viagens às Ilhas Solovetski, pesquisando nos arquivos de lá. Ele oferece uma descrição extremamente precisa do chefe do campo, assim como de toda sua estrutura - como as celas em antigos cômodos monásticas e as celas de castigo montadas em retiros monásticos remotos. Prilepin também retrata diferentes grupos presos, como os prisioneiros políticos lado a lado com criminosos comuns.
5. ‘Zuleikha abre os olhos’, de Guzel Iakhina
Cena de adaptação do livro de Guzel Iakhina.
Yegor Aleyev/TASSEste é outro romance contemporâneo da nossa lista, o romance de estreia da escritora Guzel Iakhina, que se tornou um best-seller na Rússia e já foi traduzido para 10 idiomas. Ele não conta tanto a história do próprio Gulag, mas as repressões da era Stálin, como a desapropriação dos camponeses tártaros e sua deportação para a Sibéria.
A protagonista do livro, encontra-se no meio da taiga junto com um grupo de prisioneiros sob a escolta de um oficial. Eles têm que fazer um esconderijo para si próprios, conseguir comida e sobreviver ao frio. Mas, estranhamente, nessas circunstâncias, ela se sente uma pessoa mais livre do que quando era oprimida pelo marido e pela sogra.
O romance é uma obra de ficção, mas Iakhina estudou materiais de arquivo sobre deportações para a Sibéria nos tempos de Stálin para escrevê-lo. Além disso, sua avó estava entre os desapropriados dos anos 1930 e, ao retratar a vida cotidiana dos personagens, a autora se baseou nas lembranças de sua avó.
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