Montadora da Hyundai na região de Leningrado
Mikhail Kireev/RIA NôvostiO Ministério da Indústria e do Comércio russo propôs o uso de subsídios para estimular as exportações de carros para compensar a queda das vendas no mercado doméstico.
A proposta de estratégia de desenvolvimento para o setor até 2025 foi publicada (em russo) no site oficial da pasta na sexta-feira passada (16).
Expectativa vs. realidade
Em 2016, as exportações russas de automóveis totalizaram US$ 2,4 bilhões. A estratégia apresentada pelo órgão estabelece dois cenários.
O cenário conservador pressupõe que o valor das exportações de carros atinja US$ 4,9 bilhões até 2025. Para isso, será necessário enviar 240 mil veículos por ano, ou 10% de todos os veículos montados no país anualmente. Paralelamente, a Rússia também deveria exportar peças automotivas em um total de US$ 1,6 bilhão ao ano.
Já no cenário ambicioso, as exportações de carros deverão mais que triplicar, para US$ 7,8 bilhões (até 400 mil unidades, ou 16% da produção total), e devem chegar a US$ 2,5 bilhões em termos de peças exportadas.
Enquanto o primeiro cenário estipula US$ 2,4 bilhões em subsídio estatal para a indústria, o último define um valor de US$ 3,7 bilhões.
O programa também define apoio do Estado tanto para fabricantes nacionais quanto empresas internacionais que exportam veículos montados em fábricas russas.
Ainda segundo o documento, no caso das empresas russas, os mercados prioritários para exportação são países da CEI (ex-repúblicas soviéticas, exceto Geórgia e bálticos), Oriente Médio (Irã, Líbano e Jordânia), bem como Alemanha, Índia, China e vários países africanos e latino-americanos; para os fabricantes internacionais, as prioridades serão CEI, Irã, Líbano, Turquia, África do Sul, Egito e Tunísia.
A nova estratégia visa a compensar o declínio das vendas no mercado interno no período de 2013 a 2016. No ano passado, apenas 1,5 milhão de veículos montados na Rússia foram vendidos no próprio país (metade do nível registrado em 2012, quando o mercado ainda estava em crescimento). Paralelamente, as exportações automotivas encolheram 32% desde 2013, de US$ 2,2 bilhões para US$ 1,5 bilhão.
“A estratégia não propõe medidas revolucionárias”, diz Evguêni Eskov, editor-chefe do portal AutoBusinessReview. “Deverá ajudar a aumentar as exportações em geral, mas dificilmente conseguirá compensar as perdas do mercado russo”, completa.
Opinião semelhante é apresentada por Anna Bodrova, analista sênior da corretora Alpari. “Nada pode ser feito sobre o poder aquisitivo na Rússia, que está em declínio há 29 meses seguidos. É por isso que o ministério quer exportar mais”, explica.
Abate de impostos como estímulo
O ministério propõe também a assinatura de contratos de longo prazo (de 7 a 10 anos) com empresas automotivas internacionais para implantar grandes linhas de montagem na Rússia, com uma capacidade de produção anual de 80 mil a 100 mil veículos.
A expectativa é que essa medida garanta a carga de trabalho mínima dessas empresas, com a possibilidade de subsequente localização da produção de peças.
Atualmente, a Rússia possui linhas de montagem pertencentes a Toyota, Nissan, Ford, Renault, Mazda, Hyundai e outras empresas globais. Segundo o ministério russo, essas instalações representam, em valor, 45% de todos os veículos montados no país.
Os principais mercados de exportação de veículos de marcas internacionais montados na Rússia são os países da CEI e do Oriente Médio. A Hyundai, por exemplo, exporta seus carros fabricados no país para CEI, Geórgia, Tunísia, Argélia e Líbano. Já os veículos Renault montados na Rússia, são enviados para Argélia e Vietnã.
Como incentivo para que os fabricantes de automóveis internacionais contratem fornecedores russos de peças, o ministério sugeriu ainda a introdução de um sistema de descontos fiscais para as exportações que poderão ser utilizados para compensar as taxas de importação. O governo russo acredita que tal medida ajudará a aumentar as importações de automóveis internacionais montados na Rússia para 70 mil veículos até 2025 (no cenário conservador), ou para 150 mil carros (no ambicioso).
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