Palácio Maly Nikolaevsky após o bombardeio ao Kremlin de Moscou. Foto de D.M. Gusev. Novembro de 1917.
Se o levante bolchevique em Petrogrado, em 25 de outubro, foi relativamente rápido e sem sangue, não se pode dizer o mesmo sobre os desenvolvimentos em Moscou.
Igreja da S.V. Constantino e a Torre Elena Beklemishevskaya após o bombardeio ao Kremlin de Moscou. Foto de P.P. Pavlov. 5 a 16 de novembro de 1917.
Os combates duraram vários dias e deixaram centenas de mortos. Os eventos na capital atual são por vezes considerados o início da guerra civil na Rússia. O Kremlin, coração da cidade velha, testemunhou o pior dos confrontos.
Buraco na parede central da Catedral da Assunção após Kremlin ser bombardeado. Vista de fora. Foto de P.P. Pavlov. 5 a 7 de novembro de 1917.
Quando as notícias do levante em Petrogrado (atual São Petersburgo) e a derrubada do governo provisório chegaram a Moscou, as tropas bolcheviques foram convocadas a tomar o Kremlin. Os regimentos revolucionários ocuparam a fortaleza em 26 de outubro – e ali, assim como em São Petersburgo, não encontraram resistência.
Buraco na parede central da Catedral da Assunção após o bombardeio do Kremlin. Vista a partir da torre. Foto de P.P. Pavlov. 5 a 7 de novembro de 1917.
Os que se opunham aos bolcheviques também começaram a se reunir na cidade e contavam sobretudo com cadetes do Exército e estudantes de escolas militares.
Complexo principal e a Igreja do Mosteiro do Milagre após bombardeio do Kremlin. Foto P.P. de Pavlov. 5 a 16 de novembro de 1917. Museu do Kremlin de Moscou.
Os cadetes entraram no Kremlin, aproveitando-se de que os soldados revolucionários tinham pouca comunicação com seus superiores, e lhes disseram que as forças leais ao governo provisório haviam derrotado os bolcheviques e, assim, retomado a cidade.
Barbacã externo da Torre de Nicolau destruído após o bombardeio ao Kremlin. Vista da Praça Vermelha. Foto de D.M. Gusev. Novembro e dezembro de 1917.
Os soldados revolucionários entregaram suas armas. Muitos (estima-se entre 50 e 300) foram executados pelos cadetes logo depois, e os demais foram presos.
Interior da Catedral da Assunção após o bombardeio ao Kremlin de Moscou. Imagem dos portões sagrados. Foto de P.P. Pavlov. 5 a 7 de novembro de 1917.
Em 28 de outubro, os militantes contra o levante passaram a controlar o Kremlin. Os revolucionários bolcheviques não desistiram e, no dia seguinte, iniciaram um confronto brutal – alguns bairros e regiões de Moscou, incluindo a do Kremlin, foram intensamente bombardeadas com artilharia.
As Câmaras do Metropolitano do Mosteiro do Milagre após o bombardeio ao Kremlin. Janelas na sala da frente totalmente destruídas. Foto de P.P. Pavlov. 5 a 16 de novembro de 1917.
As forças leais ao governo provisório esperavam reforços. Em Moscou eles eram muito menos expressivos em número em comparação às tropas revolucionárias. Porém, eles receberam pouca ajuda, e as tentativas do primeiro-ministro derrotado, Aleksandr Kerenski, de recuperar a então capital Petrogrado falharam.
Interior da Catedral dos Doze Apóstolos após bombardeio ao Kremlin. Imagem do altar. Foto de P.P. Pavlov. 5 a 16 de novembro de 1917.
O bombardeio ao Kremlin – especialmente intenso em 2 de novembro – continuou por vários dias. Os militantes foram perdendo terreno, e os bolcheviques concordaram em libertar os adversários caso entregassem suas armas. Os revolucionários mantiveram a palavra, e os cadetes e seus agregados deixaram o Kremlin em total segurança. A partir de então, os bolcheviques controlavam toda a cidade.
Interior da Paróquia do Patriarca após o bombardeio ao Kremlin. Foto de P.P. Pavlov. 14 de novembro de 1917.
Diversas igrejas e mosteiros do Kremlin de Moscou ficaram bastante danificados, assim como as torres e as muralhas da fortaleza.
Ao saber da destruição infligida no centro de Moscou, o recém-nomeado ministro da Educação Anatôli Lunatcharski anunciou sua demissão (após a intervenção de Lênin, no entanto, ele repensou e voltou atrás).
Objetos sagrados da Paróquia do Patriarca destruídos após o bombardeio ao Kremlin. Foto de P.P. Pavlov. 14 de novembro de 1917.
No decorrer desses eventos sangrentos, a Igreja Ortodoxa Russa emitiu um apelo a ambas as partes para que a acabassem com o derramamento de sangue. “As armas russas estavam bombardeando o maior lugar sagrado da Rússia: o Kremlin de Moscou”, declarou a instituição ao término dos confrontos. A Igreja examinou os danos causados ao Kremlin e apresentou um relatório especial sobre o tema.
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