A mais famosa do mundo entre as cidades que levaram o nome de Stalin é obviamente aquela onde foi travada a principal batalha da Segunda Guerra Mundial: Stalingrado (Сталинград). A cidade, antes batizada Tsarítsin (Царицын), recebeu o novo nome em 1925. Foi palco de importantes batalhas na década de 1920, entre vermelhos e brancos, durante a Guerra Civil, e ali surgiram os primeiros desentendimentos entre Stálin e Trótski. Quando foi decidido desestalinizar o mapa soviético, no entanto, o Partido Comunista não quis voltar ao antigo nome, que lembrava demais o tsar, portanto, foi inventado o nome de Volgogrado, uma novidade absoluta na toponímia russa, onde não há outros exemplos de união entre o nome de um rio e -grad. A mudança de nome ocorreu em 10 de novembro de 1961.
A Sibéria (e mais precisamente a região de Kemerovo) também teve uma cidade dedicada ao líder soviético. Antes era chamada Kuznetsk-Sibirski (do século 17 até 1931), e depois, por um apenas um ano, passou a ser Novokuznétsk. Em 5 de maio de 1932, um dos lugares simbólicos da industrialização forçada e da metalurgia soviética, ao qual até mesmo Maiakóvski havia dedicado um poema, ganhou o novo nome de Stálinsk - até 5 de novembro de 1961, quando voltou a se chamar Novokuznétsk (Новокузнецк).
A atual Novomoskóvsk (Новомосковск), uma cidade de 120 mil habitantes na região de Tula, historicamente se chamava Bóbriki e era pouco mais que uma vila. Sua transformação ocorreu na década de 1930, com o início da construção de uma gigantesca fábrica de produtos químicos. Ele então obteve o novo nome de Stalinogórsk (Сталиногорск) em 27 de dezembro de 1933, e o perdeu em 1961.
Fora da República Socialista Federativa Soviética da Rússia, mas dentro da União Soviética, havia outras cidades com o nome de Stálin:
A capital da República Socialista Soviética do Tadjique mudou seu nome em 16 de outubro de 1929, do histórico Duchambé para Stalinabad (Сталинабад; -abad ou -obad na língua local significa “cidade”). Em 10 de novembro de 1961 voltou ao nome tradicional (que remete ao “mercado de segunda-feira”). Ainda hoje é a capital do Tajiquistão independente.
Outra capital que recebeu o nome de Stálin é Tskhinvali (Цхинвал), a capital da Ossétia do Sul (um Estado com reduzido reconhecimento internacional). Seu nome histórico lembra a grande presença das carpas. Em 17 de março de 1934, tornou-se Staliniri, nome perdido em 24 de novembro de 1961.
6 / Stalino – Donetsk
Na República Socialista Soviética da Ucrânia, foi Donetsk que teve seu nome alterado por alguns anos. Historicamente, a cidade se chamava Iuzovka, em homenagem a seu fundador, o empresário galês John Hughes (1814-1889). Em 1924 se tornou Stálin e em 1929 foi ucraninizada como Stalino, devido à chamada política de Korenizatsia, isto é, o desenvolvimento das línguas e culturas locais das várias repúblicas da URSS. Em 9 de novembro de 1961, assumiu o nome que ainda leva hoje.
Mesmo além das fronteiras da União Soviética, em outros países socialistas da Europa Oriental, também havia cidades dedicadas a Stálin:
É a cidade mais jovem da Hungria, construída na época da industrialização do pós-guerra para os trabalhadores de um grande complexo metalúrgico. A pedra fundamental foi lançada em 2 de maio de 1950 e, uma vez pronta, a cidade ganhou o nome de Sztálinváros em 1952 e o manteve até 26 de novembro de 1961, quando assumiu o atual (que significa “Nova cidade no Danúbio”) . Considerada uma cidade modelo socialista, foi visitada por lideranças estrangeiras e também pelo primeiro homem no espaço, o cosmonauta Iúri Gagárin.
Outra nova cidade metalúrgica, fundada em 1950 em Brandemburgo como o centro industrial da recém-formada República Democrática Alemã (“a primeira cidade socialista no território da Alemanha”), levou o nome do líder soviético em 1953: Stalinstadt. Desde novembro de 1961 é chamada Eisenhüttenstadt (literalmente, “cidade das ferragens”). Após o colapso do bloco socialista, a população diminuiu drasticamente.
Outras cidades dedicadas a Stálin não esperaram até 1961 nem as decisões do 22º Congresso do PCUS (que aconteceu de 17 a 31 de outubro daquele ano e decidiu acelerar a desestalinização, mesmo do ponto de vista simbólico) para alterar seu nome:
A cidade búlgara banhado pelo Mar Negro, fundada em 575 a.C., tornou-se “Stálin” em 20 de dezembro de 1949, para celebrar o 70º aniversário do líder soviético. Mas a novidade não durou muito. Assim que o 20º Congresso do Partido Comunista propôs a desestalinização em 1956, a cidade voltou ao antigo nome em 20 de outubro do mesmo ano.
A nomeação da cidade polonesa de Katowice em homenagem a Stálin durou ainda menos. Ganhou o novo nome em 7 de março de 1953, na onda emocional da morte do líder dois dias antes, mas o abandonou, após inúmeros protestos, em 10 de dezembro de 1956.
A Romênia também teve uma cidade dedicada a Stálin. O nome foi alterado em 8 de setembro de 1950, “em homenagem ao grande gênio da humanidade operária, o líder do povo soviético, o libertador e o amigo querido de nosso povo”, mas acabou voltando ao histórico Brașov em 24 de dezembro de 1960.
A única exceção, dada a recusa da desestalinização por parte do governo de Tirana, foi na Albânia:
Kuçovë, que foi renomeada como Petrolia pelo regime fascista italiano devido à presença de petróleo bruto, tornou-se Qyteti Stalin (Cidade de Stálin) em 1950. A extração do chamado ouro negro aumentou, e a maior refinaria do país foi construída na região. Graças ao rompimento de Enver Hoxha com a URSS, a cidade manteve o nome do líder soviético até 1990.
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