Nikolai Rerikh. Santa Olga. Esboço para mosaico.
Olga era a mulher do príncipe Ígor, da Rus de Kiev. Ele era filho do príncipe varegue Rúrik que, reza a lenda, foi o fundador do Estado russo. Ígor foi morto enquanto coletava tributo da tribo eslava chamada de drevlianos, e Olga se tornou a regente do filho, Sviatoslav, até sua maioridade. Ela armou alguns atos de vingança pelo assassinato do marido, fazendo represálias brutais contra os drevlianos.
Ivan Akimov. Batismo de Santa Olga.
Olga foi a primeira governante russa a se converter ao cristianismo. Ela foi batizada antes mesmo de a própria Rússia adotar o cristianismo. "Ela brilhou entre os pagãos, como uma pérola na lama", escreveram autores de antigas crônicas russas sobre ela mais tarde.
Olga se tornou uma das primeiras santas veneradas na Rússia. Seu neto, o príncipe Vladímir, que converteu a Rússia ao cristianismo, fez o corpo da avó ser transferido para uma das primeiras igrejas ali. Reza a lenda que seu corpo não tinha se decomposto. Ela tornou-se santa antes de o cristianismo ser dividido em igrejas ocidentais e orientais, por isso também é reverenciada na Igreja Católica Romana como Santa Olga de Kiev.
Monumento ao Santo Príncipe Vladímir, em Moscou.
O neto de Olga, Vladímir, o Grande (também conhecido como São Vladímir e Vladímir “Krasno Solnichko”, que significa “Belo Sol”) é um dos governantes mais venerados da Antiga Rus. Ele é conhecido principalmente o responsável por converter a Rússia ao Cristianismo.
Víktor Vasnetsov. Batismo do Príncipe Vladímir. Fragmento de afresco na Catedral de Vladímir, em Kiev.
Reza a lenda que Vladímir estava escolhendo a qual das três principais religiões converter seus súditos e, por razões diversas, decidiu-se pelo Cristianismo. Ele foi canonizado pela conversão à fé cristã das tribos eslavas pagãs. Igrejas dedicadas a Vladímir estão espalhadas pela Rússia e Ucrânia (já que ele era príncipe da Rus de Kiev), e uma das cidades do Anel de Ouro da Rússia leva seu nome.
Santo Aleksandr Névski. Afresco na Catedral do Arcanjo, no Kremlin de Moscou.
Aleksandr Névski era mais conhecido por seus êxitos no campo de batalha contra invasores estrangeiros, que atacavam a Rússia vindos de leste e de oeste. Reza a lenda que ele não perdeu uma única batalha. Uma de suas vitórias mais memoráveis foi a da Ordem da Livônia na Batalha do Gelo, em 1242.
Ao longo dos anos, Névski desenvolveu uma imagem heroica de defensor da Rússia, que foi promovida também na era soviética, principalmente na cinebiografia “Aleksandr Névski”, de Serguêi Eisenstein, encomendada pelo governo.
Cena do filme “Aleksandr Névski”, de Serguêi Eisenstein.
Outro problema com o qual Névski teve de lidar foram os mongóis, que cobravam tributo da Rússia e invadiam as terras russas. Algumas fontes apontam para indícios de que Aleksandr mantinha correspondência com o Papa, que lhe ofereceu ajuda na luta contra os exércitos mongóis em troca da concordância da Rússia em se subordinar à Santa Sé.
Aleksandr se recusou e continuou a lutar sozinho contra os exércitos mongóis. Assim, ele também é lembrado como um defensor da Igreja Ortodoxa Russa contra o Vaticano. Névski foi canonizado em 1547. Seus restos mortais foram transportados várias vezes como relíquia sagrada. Depois que São Petersburgo foi fundada, Pedro, o Grande ordenou que os restos de Névski fossem levados a uma catedral especialmente reconstruída para abrigá-los, na cidade Santo Aleksandr Névski Lavra.
Dmítri Donskôi. Retrato do manuscrito de Tsarski Tituliarnik.
Dmítri Donskôi é conhecido principalmente por sua vitória sobre os exércitos mongóis na Batalha de Kulikovo. Foi uma grande batalha, em que a Rússia foi abençoada por um dos principais santos russos, Sérgio de Radonej.
Acredita-se que foi a vitória nessa batalha que marcou uma virada na libertação da Rússia do jugo mongol, que durava séculos. Donskôi entrou para a história como o epítome da glória militar. Tanto é que, durante a Segunda Guerra Mundial, uma coluna de tanques foi batizada em sua homenagem. Curiosamente, a coluna foi criada com dinheiro doado pela Igreja. Em um país laico e antirreligioso.
Monumento a Dmítri Donskôi do lado de fora do Kremlin de Kolomna.
Donskôi foi canonizado apenas em 1988 e é reverenciado pela Igreja por sua modéstia e vida justa. No século 19, o principal historiador da Rússia imperial, Nikolai Karamzin, escreveu: "Demetrius, cheio de elogios de um povo agradecido, baixou os olhos e dirigiu seu coração exclusivamente a Deus, o Criador."
Reza a lenda que o príncipe de Moscou ia à igreja e fazia jejum todos os dias. Donskôi construiu o Kremlin da Pedra Branca em Moscou e vários mosteiros.
Nicolau II com mulher e filhos.
O último tsar russo e sua família foram executados a mando das autoridades soviéticas em Ekaterimburgo. No ano 2000, a Igreja Ortodoxa Russa os canonizou como mártires. O tsar aparece em ícones sozinho e junto com a família.
Ícone com Nicolau 2°.
A decisão de canonizar Nicolau causou muita polêmica na Rússia: depois do episódio apelidado de “Domingo sangrento”, em que trabalhadores pacíficos foram massacrados pelo exército do tsar, o autocrata foi apelidado de “Nicolau, o sangrento”. Assim, uma das principais objeções contra a canonização era que a família Romanov não era mártir por Cristo, mas como resultado de perseguição política por parte dos bolcheviques.
Já os argumentos a favor da canonização incluíam a veneração das pessoas pela família Romanov e pelo trabalho que a imperatriz e suas filhas realizaram como enfermeiras durante a Primeira Guerra Mundial.
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