Em sua mais recente série, o fotógrafo Serguêi Ermokhin revela como os moradores de cidades do Círculo Polar Ártico sobrevivem à falta de luz no inverno, quando o Sol permanece dias sem mostrar sua força. É justamente na escuridão que Ermokhin apresenta as peculiaridades de uma vida sob extremos.
Ali o ano é dividido em noites polares e dias polares. Os dias polares, entre 22 de maio e 22 de julho, ocorrem quando o Sol nunca desaparece do horizonte, circulando pelo céu por dias a fio.
Enquanto nos dias polares os moradores chegam a ter despesas mínimas com eletricidade, todo o dinheiro economizado no verão é gasto durante as intermináveis noites polares.
Há cerca de 30 cidades russas no Círculo Polar Ártico. Murmansk, a mais populosa delas, foi a última cidade a ser fundada, ainda no Império Russo. A cidade, que celebra o seu 100º aniversário este ano, abriga atualmente cerca de 307 mil pessoas.
O fim das noites polares é comemorado duas vezes. Na “primeira luz solar”, os moradores de Murmansk escalam uma montanha local para ver o primeiro nascer do Sol em 40 dias. Este ano aconteceu às 12h39 (horário de Moscou), quando o Sol despontou no céu por apenas 34 minutos.
Já as noites polares, que duram de 2 dezembro a 11 de janeiro, são um tanto mais deprimentes: em Murmansk, não há qualquer sinal de Sol durante todo esse período.
A segunda celebração, no último domingo de janeiro, é marcada pelo Festival do Sol, com shows e festas populares ao ar livre e, é claro, abundância de panquecas.
Murmansk, porém, já surgiu em condições adversas: da guerra e para a guerra. Durante a Primeira Guerra Mundial, a Rússia necessitava de fornecimentos por parte dos aliados, e a única solução era construir um porto na baía de Kola e uma estrada de ferro dali para São Petersburgo.
Os médicos acreditam que as noites polares interfiram no funcionamento do corpo humano, devido à ausência de luz ultravioleta e menor produção de vitaminas. Tanto é que muitas pessoas da região tendem a ficar deprimidas e letárgicas nessa época do ano.
Para os russos em geral, a cidade tem valor como um porto de importância estratégica e um ponto fundamental para conexão de diferentes sistemas de transporte.
Por outro lado, é graças a Murmansk que a Rússia pode se orgulhar de ter a primeira plataforma de petróleo resistente a gelo do mundo, o primeiro navio submarino com instalações de energia nuclear, a única frota de quebra-gelo atômico e também uma rota de transporte exclusiva através do Ártico.
Mas, para as 307 mil pessoas que vivem ali, Murmansk é um verdadeiro lar, com suas noites polares, ventos fortes, pistas de esqui e facilidades limitadas. À parte disso, as dificuldades são compensadas pela paisagem natural envolvente da tundra, das montanhas, da taiga, dos fiordes e do oceano.
E, se nada disso for suficiente no inverno, basta levantar a cabeça e olhar ao céu, onde provavelmente haverá o único fator atenuante para a longa escuridão polar: o brilho intenso da Aurora Boreal.
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