Enlatados de frutos do mar soviéticos.
Serguêi Metélitsa/TASSSegundo o principal livro de culinária soviético, intitulado “Sobre comida gostosa e saudável”, o sortimento de conservas soviéticas desde 1937 era composto por cerca de 700 itens. Entre outros, havia até água enlatada — que nos anos soviéticos era necessária para emergências de marinheiros e submarinistas. Mas estes não eram os únicos alimentos enlatados fora do comum na época...
Odessa, Ucrânia soviética, 1980. Funcionários de fábrica de enlatados.
Iliá Pavlenko/TASSTalvez em nenhum outro lugar do mundo o trigo sarraceno seja mais popular que na Rússia. Ali, ele é consumido de diversas formas: com açúcar, com sal e até mesmo em forma de almôndegas. Apesar de o trigo sarraceno ser tão fácil de fazer que pode ser preparado só de molho em água quente por algumas horas (em vez de ser cozido, como o arroz) era comum encontrar trigo sarraceno enlatado nas prateleiras soviéticas.
Frequentemente, o trigo sarraceno enlatado vinha misturado com carne de porco ou bovina nos enlatados soviéticos. Os principais consumidores eram os turistas: essa papa satisfazia a fome rápido após longas caminhadas e podia ser aquecida diretamente no frasco, mergulhando-o em água fervente por 10 minutos.
Por isso tudo, o produto era conhecido como “café da manhã de turista” (às vezes, a comida enlatada era vendida com esse nome e podia ser guisado de carne ou almôndegas de peixe). Ele continha apenas ingredientes naturais e podia ser armazenado por dois anos. O mingau enlatado é vendido até hoje nos mercados russos e traz não só o trigo sarraceno, mas também cevada e arroz.
Mordóvia, URSS, 1971. Propaganda de suco de bétula.
Aleksandr Ovtchínnikov/TASSColher suco de bétula era um dos passatempos favoritos de muitos cidadãos soviéticos (alguns russos fazem isso ainda hoje e tiram o maior prazer da atividade). Mas, se você não tivesse vontade de ir à floresta de manhã cedo, ainda podia encontrar suco de bétula na loja mais próxima. Havia até lugares onde ele era vendido em torneiras, como os refrigerante de hoje nas praças de alimentação, e também, claro, era vendido em latas.
O macarrão enlatado devia resolver o problema da “escravidão da cozinha”. A massa pronta entrou para o catálogo de enlatados no final dos anos 1950, e era vendida com a carne bovina ou suína, ou ainda com patê de frango ou guisado de frango.
Conservas de caranguejo.
Igor Vainstein/TASS; Legion MediaGrande parte dos enlatados soviéticos era de frutos do mar: peixe sprots em óleo, peixes da família Gobiidae em molho de tomate e salmão rosa em seu próprio suco. Mas, além disso, a URSS também produzia caranguejo do Kamchátka enlatado — que continua na linha de produção até hoje. No Kamtchátka funcionavam até mesmo embarcações especiais que funcionavam como fábricas flutuantes de conservas.
Krai de Primorski, 1965. Flotilha de caça a baleias.
Iúri Murávin/TASSA caça às baleias foi proibida na URSS em 1987, mas até esse ano era possível comprar carne de baleia enlatada.
“Experimentei carne de baleia enlatada algumas vezes”, escreve Maksím Maliavin, um blogueiro da cidade de Togliatti, na Rússia. “Ela me lembrava um guisado de carne bovina, mas mais tenro e só com carne. Depois, não importa eu buscasse, nunca mais achei esses enlatados. Eles simplesmente desapareceram”, escreve.
Linha de produção de conservas de frutos do mar na União Soviética em 1985.
Viktor Lissítsin/TASSO krill é um pequeno crustáceo semelhante ao camarão utilizado principalmente como alimento. No final dos anos 1960, a União Soviética teve a ideia de fazer um patê chamado “Okean” (em português, “Oceano”) e uma conserva de carne de krill.
Inicialmente, as pessoas não entendiam para que servia o krill, mas, graças aos muitos anúncios publicitários produzidos na URSS, resolveram experiementar. O resultado era um patê delicioso e saudável para sanduíches. Era tudo natural: só levava krill e sal. A carne do krill parece muito com um camarão em miniatura, mas o sabor é mais salgado e “de peixe”. Os amantes de frutos do mar que tiverem a oportunidade de provar essa iguaria vão certamente amar!
7. Cucumaria
Cucumaria em conserva; iguaria tinha poderes medicinais sobre a tireóide.
ecoryba.ruUm dos mais estranhos (e muito populares) alimentos soviéticos é a cucumaria (da classe equinoderma dos Holothuroidea ou pepinos do mar). Ela não parece nada apetitosa, mas é um molusco que ajuda aqueles com problemas de tireoide. Era muito raro encontrar a cucumaria fresca, mas os enlatados dela apareciam de vez em quando nas peixarias.
Foto de anúncio publicitário de conserva de pimentões recheados nos anos 1950.
Gueórgui Petrussov/MAMM/MDF/Russia in photoOs pimentões recheados com arroz e carne moída ainda são um prato super popular na Rússia até hoje. Nos tempos soviéticos, eles também vinham em latas, e só precisavam ser aquecidos e servidos.
Publicidade de borsch enlatado soviético.
Domínio público; Legion MediaDurante a época soviética, a sopa favorita dos russos, o borsch, também vinha enlatado. Ele era feito seguindo todas as regras: com caldo de carne, beterraba, repolho e batatas. Além disso, também era possível comprar outras sopas tradicionais russas enlatadas, como o “schi”, a “ukha” e o “rassolnik”.
Leningrado (atual São Petersburgo), 1990. Linha de produção de conservas de beterraba.
Ivan Kurtov/TASSMuitos russos se lembram muito bem do sabor do “caviar de berinjela” ou do “caviar de abobrinha”: estes legumes em conserva eram muito populares na URSS. Mas, além destes vegetais, a beterraba também vinha em conserva e não só era usada em “caviares”, como também como entradinhas.
LEIA TAMBÉM: Quinta-feira, o dia do peixe na URSS
Caros leitores e leitoras,
Nosso site e nossas contas nas redes sociais estão sob ameaça de restrição ou banimento, devido às atuais circunstâncias. Portanto, para acompanhar o nosso conteúdo mais recente, basta fazer o seguinte:
Inscreva-se em nosso canal no Telegram t.me/russiabeyond_br
Assine a nossa newsletter semanal
Ative as notificações push, quando solicitado(a), em nosso site
Autorizamos a reprodução de todos os nossos textos sob a condição de que se publique juntamente o link ativo para o original do Russia Beyond.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: