Os povos indígenas do norte têm pratos bastante estranhos, para não dizer extremos, como o “kopalhen”. O “salo” (espécie de frio feito de banha animal tradicional da Rússia) não é muito comum na Tchukotka: é de banha de baleia. E tem um visual bastante exótico.
O salo de baleia, ou mantak (às vezes, também chamado de "maktak"), é um prato tradicional do povo tchuktchi e dos esquimós, que são os povos originários da Tchukotka.
Ele é feito de pele de baleia fatiada com uma camada de gordura. Algumas pessoas podem comê-lo cru, outras o congelam primeiro e outras, ainda, o fervem. Mas a opção mais comum é a de banha de porco marinada em molho de soja — sim, a pátria do molho de soja é bastante distante da Tchukotka, mas nos anos pós-soviéticos ele passou a ser importado e passou a ser quase indissociável do mantak.
O mantak defumado, por outro lado, é raro — afinal, as árvores são muito valiosas na tundra.
Os nativos da Tchukotka estão entre as poucas pessoas no mundo que podem caçar baleias legalmente. Para fins comerciais, entretanto, isso não é permitido — mas eles podem fazê-lo para a subsistência, seguindo as devidas cotas.
A questão é que a vida nesta região remota é muito dura. Há apenas uma cidade mais ou menos grande, Anadir (com 15 mil pessoas), duas menores (Pevek e Bilibino, com população de pouco mais de 5 mil pessoas), e várias aldeias nacionais, espalhados nas margens dos mares Tchuktchi e Bering.
Por centenas de quilômetros ao redor, há apenas tundra e ursos. Existem lojas, mas os alimentos são levados para lá apenas algumas vezes por ano e, portanto, os animais marinhos são o único tipo de carne fresca disponível em Chukotka.
Foi assim que o local foi historicamente estabelecido. E, é claro, eles também comem frango e carne bovina — mas ela vem congelada e custa três a quatro vezes mais do que em outras partes da Rússia.
Para os habitantes locais, o mantak é muito útil. Em primeiro lugar, ele contém um grande número de vitaminas C e D (entre as principais carências dos residentes das latitudes norte). E eles adoram ingeri-lo como aperitivo.
Depende de como ele é preparado. Um bom mantak tem tonalidade rosada. Se for amarelo, provavelmente é porque está velho. O mantak com molho de soja parece batata chips com shoyo, só que mais macio.
“O Mantak é difícil de mastigar, quase crocante, e solta muita gordura. Além disso, é muito fibroso (o que o dificulta ainda mais a mastigação). Tenho que admitir que me esforcei para mastigar e engolir um pedacinho — e já não queria mais”, escreve um blogueiro russo que se aventurou a provar o prato.
Quando um grupo pesca uma baleia, ela é levada para a terra e compartilhada com todos os habitantes locais. Cada um pega quanta carne e mantak precisar. Nada vai para o lixo.
A pele deve ser imediatamente cortada em fatias finas e colocada no freezer. É muito quente para ela na geladeira, onde acaba estragando.
O mais importante: é proibido vender carne de baleia. Você não encontrará a carne de baleia em nenhuma loja ou restaurante, apesar de ser um dos mais importantes e conhecidos pratos locais. A única maneira de prová-la é com a população local. Assim, você terá que ir até lá visitar o local. Seja bem-vindo à Tchukotka!
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