Parte da cão-terapia coloca a crianças deitada em um carpete rodeada por cães da raça golden retriever.
Anastassia RupasovaO centro de adestramento "Cães-ajudantes" existe há mais de 15 anos. Sua principal tarefa é o auxílio a pessoas com deficiência por meio de cães instruídos especialmente para isso. O centro tem dois ramos de atividades principais: a formação de cães-guia para cegos e de cães-terapeutas para crianças com deficiências de desenvolvimento.
Cachorros da raça labrador em centro de adestramento nos arredores de Moscou. Foto: Valéri Sharifulin/TASS
O processo de preparo de um cão-guia é complexo. Quando se trata de um golden retriever - que, juntamente ao collie e ao pastor alemão são as raças mais adequadas para guiar cegos -, aos 12 meses de idade começa a preparação. Cães dessas raças são considerados os mais apropriados não só pela rapidez de aprendizagem, mas também por serem muito calmos.
O treinamento acontece, inicialmente, em um centro de treinamento no campo,e só depois na cidade. O programa de adestramento é dividido em duas partes: o curso de obediência (programa de adestramento geral) e o de guia (programa especial para cães-guias).
Funcionária de centro de treinamento auxilia deficiente visual no treinamento com cão-guia. Foto: Valéri Sharifulin/TASS
Além disso, os treinadores levam em conta os desejos e necessidades das pessoas com deficiência para as quais os animais são treinados.
"Perguntamos à pessoa sobre seu estilo de vida, seus hábitos, suas horas de lazer, suas principais rotas. Tentamos entender suas principais características, o que é crucial para encontrar um cão que lhe convenha. Quase nunca dá errado: praticamente todos os cães estão totalmente de acordo com o que seus proprietários necessitam", diz Elena Orotchko, do centro "Cães-ajudantes".
A formação dura seis meses. Após o programa, o cão-guia passa por um teste que consiste de duas etapas: demonstração do nível de formação e passagem por percurso de condução.
Após o exame, o cão e a pessoa com deficiência passam por um curso juntos. De acordo com Elena, é o período mais difícil.
"É aí que a pessoa e o cão aprendem a cooperar e a viver juntos, para entender e considerar as necessidades de todos. O cão deve receber seu novo mestre, entender que ele não é simples, mas é o líder e que deve ser obedecido. Claro, tumuito vai depender do adestrador."
Terapia canina: o amor cura
O segundo foco principal das atividades do centro é a terapia canina para crianças com transtornos de desenvolvimento, de acordo com a diretora do projeto do centro "Cão Ensolarado", Tatiana Liubímova.Filhotes de labrador em centro de treinamento para cães-guia nas proximidades de Moscou.Foto:Valéri Sharifulin/TASS
"O efeito dessa terapia foi descoberto pelo psiquiatra americano Boris Levinson, que percebeu que seus pacientes estabeleciam contato mais facilmente quando seu golden retriever estava no consultório", explica.
A cão-terapia é voltada para crianças com disfunções de mobilidade e problemas de comunicação. As sessões são realizadas tanto individualmente, como em grupo. Elas duram, em média, quinze minutos, o tempo ideal para que a criança não sobrecarregue o contato com o animal e perca a atenção.
Tudo começa com um aquecimento, quando a criança e o treinador levam o cachorro pela coleira para passear por cinco minutos. De acordo com Tatiana, o exercício ajuda a pegar o ritmo.
"Um cão experimentado dá, ele mesmo, a velocidade do movimento", explica. Em seguida, há os exercícios orientados para a mudança de velocidade e ritmo.
Curiosamente, cada um desses exercícios é acompanhado por versos e canções populares: é assim que se forma a base rítmica certa da linguagem.
Durante os últimos cinco minutos, as crianças deitam sobre um carpete macio cercado por golden retrievers. Todo mundo está feliz: as crianças, porque se sentem amadas e seguras; os cães, porque se sentem úteis; os pais, porque veem os filhos sorridentes e calmos.
Nesse período, as crianças podem não só rolar no tapete, acariciando os cães, mas também brincar com eles, ouvi-los respirar. O momento da despedida tem um papel especial: as crianças acariciam os cães na cabeça e dizem adeus várias vezes, chamando-os pelos nomes.
"Por mais difícil que seja a criança e quaisquer que sejam os problemas de desenvolvimento - cognitivos, de movimentação ou de linguagem - quando ela assume a correia, começa a se sentir, acima de tudo, uma pessoa", diz Tatiana.
"Quanto ao cão, ele dá à criança a chance de sentir ser amada e aceita como ela é", completa.
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