Evguêni Mikhin e sua raposa prateada, Eblis, que foi comprada de um instituto ligado à Academia Russa de Ciências
Artiom Geodakian/TASSApós anos de luta com criadores de animais selvagens, os ativistas dos direitos dos animais de Moscou conseguiram um relativo sucesso: uma nova lei sobre a criação desses animais será discutida na Duma de Estado (câmara dos deputados na Rússia).
A ideia é implementar um registro obrigatório dos animais e proibir o mantimento de leões, ursos e outros carnívoros de grande porte como animais de estimação.
O projeto também aumenta a proteção dos direitos dos animais de estimação exóticos e as penalidades em casos de maus tratos.
O conceito de manter animais selvagens como de estimação cresce em popularidade no país. Existem canais do YouTube e contas do Instagram dedicadas a ensinar como manter animais exóticos em casa. Paralelamente, filhotes de leões, tigres e lince, bem como macacos e cobras podem ser facilmente comprados em Moscou.
O Livro Vermelho dos animais ameaçados de extinção lista as espécies que não podem ser vendidas, compradas ou enviadas para o exterior.
No entanto, a legislação russa não abrange a adoção de animais selvagens, e é impossível detectar em que condições os animais são mantidos.
Um projeto de lei que versa sobre o tratamento humano dos animais foi aprovado pela Duma de Estado em primeira leitura, em 2011, mas não foram feitas emendas à lei pertinente. Em 2015, o governo introduziu padrões oficiais para o mantimento de animais em áreas urbanas, porém apenas como “medidas consultivas”.
Recentemente, uma loja on-line em Uliánovsk foi bloqueada pelo Ministério Público local porque vendias leopardos e cobras ameaçadas de extinção, informou a Interfax.
Ativistas reunidos em Moscou
Em abril passado, um filhote de leão que vivia em uma casa nos arredores de Saratov, atacou um adolescente, que teve que ser internado com mordidas graves. A filhote, chamada Maya, terá que ser entregue por seus proprietários, segundo comunicado de imprensa divulgado pelo Comitê de Investigação da Rússia.
“Os filhotes de leão podem ser divertidos para brincar no início, mas, ao crescerem, precisam de mais espaço e comer mais”, diz Natália Dronova, especialista da WWF. “Após a puberdade, o comportamento pode mudar e eles se tornam mais agressivos.”
Segundo Dronova, ao longo dos últimos cinco anos, os gatos gigantes também se tornaram mais populares entre os russos. “São criados principalmente em instalações comerciais que se apresentam como viveiros, mas não tem regulação alguma.”
(Vídeo: YouTube/BobCat ТВ)
“Às vezes, as pessoas não entendem que estão comprando um animal selvagem, e não uma versão maior de um gatinho fofo”, diz Aleksander Gatilov, do zoológico de Moscou. Quanto aos gatos gigantes, Gatilov alerta para o fato que “são bem maiores, podem ser potencialmente perigosos e exibem comportamento complexo”.
A nova lei atraiu a atenção de mais de 2.800 moscovitas, que se reuniram para debater o assunto. Os ativistas querem proibir também a adoção de ursos, corujas, guaxinins e lêmures como animais de estimação. Já no caso dos animais de estimação aprovados, o proprietário seria obrigado a cooperar com o departamento de conservação da natureza para monitorar a saúde do animal.
Um dos participantes da discussão, Iliá Botchkarev, justificou que “quer proteger os animais dos seres humanos e os seres humanos do animais”, enquanto Serguêi Lichis, tem receio de que “cobras entrem no apartamento pela tubulação do prédio”.
Para Gatilov, seria mais eficaz impor restrições aos proprietários do que proibir completamente a adoção de animais de estimação exóticos. “Caso contrário, haverá um aumento do tráfico ilegal”, diz o zoólogo.
“Os proprietários teriam de fazer um registro tanto para si como para seus animais de estimação, além de passar por um exame, como no caso de restrições relacionadas à compra de armas”, acrescenta Gatilov.
Comércio de animais no eBay russo
O site Avito, uma espécie de eBay russo, oferece quatro resultados quando se tenta fazer uma buscar de “lince em Moscou”.
Dois vendedores contatadas pela Gazeta Russa afirmaram que possuem pequenas fazendas especializadas na criação de animais exóticos.
Uma das pessoas, chamada Valéri, disse que os filhotes disponíveis ainda são muito pequenos, mas podem ser vendidos “depois de um mês e meio de idade”.
Já Arsêni, o segundo dono de fazenda, informou não que os filhotes à venda ainda não nasceram, mas que “podem ser reservados e terão todos os documentos necessários”.
“O lince canadense preciso de menos carne e uma gaiola menor, mas custa o dobro do lince da Sibéria. Se bem cuidado, eles não precisam de um Veterinário, apenas uma vacinação anual”, acrescentou Arsêni.
Em seu perfil no Avito, ele disponibiliza outros animais selvagens e descreve ter “interesse em trabalhar com circos, zoológicos e viveiros”.
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