Para os judeus, uma sinagoga não é um templo, no sentido pleno da palavra. Para eles, existiu apenas um templo como “casa de Deus”: o Templo de Jerusalém. Desde a destruição dele, logo após o início do primeiro milênio depois de Cristo, os judeus esperavam por sua restauração. Até que isso aconteça, os judeus de todo o mundo se reúnem nas “casas de assembleia”, ou seja, sinagogas.
A Rússia já foi o lar de quase 80% da população judaica do mundo. Hoje é praticamente impossível saber quantos judeus vivem na Rússia. Mas eles continuam a impactar visivelmente a vida do país.
Mais de 100 cidades russas têm suas próprias comunidades judaicas. Existe até uma área administrativa no Extremo Oriente chamada “Região Autônoma Judaica”, uma relíquia do projeto utópico de Stalin de criar uma “terra prometida” soviética.
Todos os anos, sob a supervisão da Federação das Comunidades Judaicas da Rússia, novas sinagogas são abertas e as antigas são restauradas. Estas são apenas algumas delas:
Na década de 1850, o imperador Alexandre 2° abrandou as leis sobre assentamentos judaicos. Ao adquirir o status de comerciante de primeira guilda, os judeus podiam viver fora dos limites do assentamento. Mais tarde, cientistas, estudantes e artesãos judeus passaram a ter autorização para se estabelecer em grandes cidades, entre elas, Moscou e São Petersburgo.
Como a população judaica de Moscou crescia, Lazar Poliakov, chefe da comunidade judaica da cidade, pediu permissão ao prefeito para construir uma casa de oração. O próprio Poliakov destinou fundos para a construção, que foi concluída já em 1891. Esta sinagoga foi encimada por uma cúpula com uma estrela de Davi.
Devido a uma nova onda de antissemitismo no Império Russo, a sinagoga se manteve fechada até 1906. Já durante o período soviético, ela foi fechada novamente. Somente após a Perestroika o prédio foi devolvido à comunidade judaica e, nos anos 2000, restaurado. Esta é a maior sinagoga de Moscou (no total, a cidade tem cinco sinagogas).
A sinagoga de Bolshaya Bronnaya foi construída em 1883 em Moscou como uma sinagoga doméstica privada para Lazar Poliakov, chefe da comunidade judaica. A sinagoga foi fechada em 1937. Após a queda da URSS, ela foi entregue à comunidade de judeus hassídicos Chabad-Lubavitch.
O edifício moderno é extremamente interessante: a fachada principal é de vidro e, atrás dela, estão a antiga parede da sinagoga e um muro das lamentações simbólico. Uma característica arquitetônica excêntrica é a torre de canto, cuja janela é decorada com um candelabro de Hanukkah de nove braços.
Hoje, a sinagoga tem três salas de oração, uma escola talmúdica superior (a Machon Ran Yeshiva) e um museu comemorativo dos judeus que morreram no século 20.
Esta é mais uma sinagoga construída graças a Alexandre 2°, que a autorizou em 1869. A construção da sinagoga, que é de estilo mourisco, só foi concluída em 1893. Isso ocorreu, primeiramente, porque levou muito tempo para reunir fundos e um local para a sinagoga e, depois, porque demorou muito para a construir.
A casa de oração permaneceu aberta durante toda a era soviético, e foi fechada apenas por um breve período.
A comunidade judaica de Irkutsk comemorou seu 200º aniversário em 2018. Os primeiros judeus da Sibéria foram deportados e internos de colônias de trabalhos forçados, e Irkutsk se tornou seu centro religioso. Hoje, a sinagoga local é a mais antiga em funcionamento de toda a Rússia.
No período soviético, a sinagoga ficou fechada por muito tempo, mas, após a Perestroika, ela foi devolvida à comunidade de Irkutsk.
Milhares de judeus viviam em Voronej no início do século 20 — somente em 1917, eles eram mais de 6.000. Esta sinagoga em estilo neo-mourisco foi construída em 1903. No período soviético, o edifício foi utilizado como armazém e, na Segunda Guerra Mundial, danificado por um bombardeamento.
A sinagoga só voltou a ser transferida para a comunidade judaica em 1997. Após um longo restauro, reabriu aos fiéis no 110º aniversário de sua construção.
Mais de mil judeus viviam em Samara no final do século 19 e pediram permissão às autoridades da cidade para erguer uma grande sinagoga. A casa de oração para mil fiéis - a maior na região do Volga - ficou pronta em 1908, financiada pelos comerciantes da cidade.
Uma casa de cultura foi instalada no prédio no período soviético, mas, na década de 1990, foi devolvida à comunidade. A sinagoga está atualmente fechada para restauração.
Um grande número de comerciantes judeus se mudou para Níjni Nôvgorod, o centro comercial do Império Russo, no primeiro quarto do século 19. Havia até uma sinagoga temporária no terreno da maior feira comercial do país.
Uma sinagoga permanente foi construída na cidade em 1883 e outra foi construída em 1910. Havia também clubes e escolas judaicas, nas quais o ensino era ministrado em iídiche.
A sinagoga foi fechada aos judeus na década de 1930, mas, após a queda da URSS, também foi devolvida à comunidade. O salão de orações foi restaurado e um restaurante kosher e uma mercearia foram abertos na sinagoga. Hoje, dos 20.000 judeus da cidade, um quarto participa ativamente da vida da comunidade religiosa.
Os judeus receberam sua própria entidade administrativa étnico-territorial no Extremo Oriente soviético no final da década de 1920. Hoje, os judeus representam apenas um por cento da população da região, mas existem ali duas comunidades judaicas e cada uma tem sua própria sinagoga.
A Sinagoga Beit Menachem, em Birobidjan, foi construída por iniciativa da comunidade Freud, em 2004, para marcar o 70º aniversário da fundação da região.
Uma sinagoga foi erguida em Briansk em 1891, mas, no período soviético, foi usada como clube para a fábrica de roupas local. O prédio foi devolvido à comunidade na década de 2010 e uma longa restauração começou. Durante as obras foi descoberto atrás de uma parede um esconderijo contendo livros antigos.
A sinagoga reabriu para os fieis em 2023, dando um novo impulso à vida da comunidade judaica de Briansk e tornando-se um novo centro cultural e espiritual.
No século 19, quando Kaliningrado ainda era a cidade prussiana de Königsberg, uma sinagoga foi construída ali para a comunidade judaica local. Mas, depois que os nazistas chegaram ao poder, a sinagoga foi incendiada na Noite dos Cristais, em 1938.
Uma nova sinagoga foi construída em seu lugar em 2018, com a fachada inspirada na arquitetura de sua antecessora. Ela tem um salão de orações com desenhos de vitrais, uma biblioteca e uma cantina kosher.
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