Pessoa usando traje de proteção extermina a Heracleum sosnowskyi na região de Moscou.
Serguêi Savostianov/TASSTodo verão, os russos vestem roupas de proteção especiais, reúnem seus equipamentos de jardinagem mais afiados e fazem um levante contra a erva daninha Heracleum sosnowskyi. Ela pode ser mortal e cresce, literalmente, em qualquer lugar: desde estradas até jardins em casas particulares.
Um sovkhoz na região de Pskov, em 29 de julho de 1974.
Aleksandr Ovtchinnikov/TASSA história da Heracleum sosnowskyi começou nos difíceis anos após a Segunda Guerra Mundial, quando a União Soviética precisava reavivar sua produção agrícola. Os líderes de fazendas coletivas enfrentavam problema para alimentar os animais e buscavam uma safra de forragem barata.
Os agrônomos chamaram a atenção para a Heracleum sosnowskyi, que, originalmente, crescia nas frias regiões montanhosas da Turquia e da Geórgia. A planta nunca havia crescido para além dessas áreas até que, na década de 1950, realizou-se a experiência de tentar cultivá-la em Kabardino-Balkária. Os resultados foram incríveis, e descobriu-se que a planta se reproduz a uma velocidade vertiginosa e atinge um tamanho gigantesco de até quatro metros. A cientista botânica Ida Mandenova descobriu a espécie e a batizou em homenagem a seu professor Dmítri Sosnowsky.
Durante vários anos, os cientistas fizeram experiências com a erva de Sosnowsky em vários institutos científicos em Leningrado, Moscou, Carélia e Ucrânia. Ela criou raízes rapidamente, foi cultivada como cultura de silagem e até mesmo exibida em jardins botânicos como planta ornamental.
Ao mesmo tempo, a Noruega estava realizando experimentos com outra espécie dessa erva, mas chegou à conclusão de que o leite das vacas que a ingerem torna-se insípido e surgem mutações em sua prole. Além disso, o suco de seu caule causa dermatite. Como resultado, seu uso no norte da Europa foi deixado de lado. Na URSS e em outros países socialistas, porém, a erva foi cultivada ativamente até a década de 1980, época em que estava praticamente em toda parte.
O perigo da erva
Cerca de 70 espécies dessa erva são conhecidas no mundo. Elas são, claro, semelhantes entre si, mas algumas variações são mais venenosas que as outras. Algumas que podem até ser ingeridas por humanos. Aliás, é curioso o fato de que seu nome russo, “borschevik”, seja tão semelhante ao nome da mais famosa sopa ali , o "borsch" – talvez, ela leve esse nome porque tenha sido possível cozinhar com essa espécie em particular.
Mas, a menos que você tenha um diploma de ciência botânica, provavelmente é melhor nunca chegar perto de nenhuma dessas plantas. A erva de Sosnowskiy é muito perigosa e, também, a espécie mais difundida na Rússia.
Uma das principais substâncias ativas da erva de Sosnowskiy é a furocumarina, que protege a planta de insetos e animais selvagens, mas também é muito venenosa para humanos. Se você tocar no caule da erva ou, pior ainda, em seu suco, surgirão queimaduras na sua pele, mesmo no caso mais brando.
O tecido queimado fica extremamente sensível à luz solar e as feridas levam muito tempo para cicatrizar. E, mesmo depois de terem desaparecido completamente, as queimaduras podem reaparecer novamente se expostas ao sol. Se você, por acidente, tocar no talo, tente se lavar delicadamente com água e sabão e consulte um médico imediatamente. Se ocorrerem queimaduras que cubram 80% do corpo, elas podem até ser fatais.
Como combatê-la
A erva de Sosnowsky na região de Moscou.
SputnikO superpoder desta erva está em sua capacidade de se reproduzir tão rapidamente. Ela começa a crescer no final da primavera, as inflorescências surgem no verão e elas florescem até outubro. O vento carrega suas sementes por longas distâncias e, depois de alguns anos, elas germinam, colonizando novos territórios de forma agressiva e incontrolável. E onde cresce esta erva daninha, nada mais cresce.
É por isso que os russos a combatem com uma variedade de métodos: desde arrancar mecanicamente suas raízes ao uso de pesticidas. Uma planta que tenha apenas começado a crescer, é geralmente desenterrada pela raiz e queimada. As inflorescências devem ser cobertas com um saco plástico ou algo semelhante para que não voem e, em seguida, devem ser queimadas. Nos casos mais extremos, quando há muitas plantas, usam-se herbicidas (e, claro, as plantas ainda são queimadas depois).
Cientistas calculam que leve cinco anos para erradicar esta erva de uma área, pois suas sementes ainda permanecem no solo.
Desde 2018, a região de Moscou introduziu multas pela presença descontrolada da erva em propriedade particular que chegam a 5.000 rublos (cerca de US$ 70) para pessoa física, e até um milhão de rublos (cerca de US$ 14.000) para pessoa jurídica.
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